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Perestroika propõe novo modelo de educação criativa, baseada em experiências

  • Ohanna Patiele Santos
  • 14 de abr. de 2017
  • 4 min de leitura

A escola criativa completou 10 anos em 2017. Já teve mais de mil alunos em Brasília e prepara curso específico para servidores públicos

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A Perestroika é uma escola de atividades criativas, que completou 10 anos em março de 2017 e está em funcionamento em Brasília há quatro. Com a metodologia Experience Learning, baseada na experimentação e valorização do conhecimento empírico, a escola é conhecida pelas aulas irreverentes e pelo clima descontraído.


Mas além do impacto de um tutor vestido de vaca ou de uma aula estilo boteco, a Perestroika quer propor um método contemporâneo de aprendizagem onde o aluno é o protagonista. Para tanto, a metodologia da escola está licenciada como open source, ou seja, qualquer pessoa ou instituição pode utilizar, compartilhar ou adaptar a metodologia, de forma gratuita e irrestrita.


O diretor de whatever – termo em inglês que significa tanto faz – da unidade de Brasília, Dario Joffily, explica que a Perestroika trabalha menos com o conceito de ensino e mais com o conceito de aprendizagem.


“Quando a gente usa o termo ensino, estamos falando que uma pessoa detém mais conhecimento e está passando para outras que estão recebendo passivamente. Quando a gente olha por outro viés, com foco ativo, de protagonismo dos alunos, de pessoas que estão buscando aprender, estamos falando em aprendizagem”, explica.
Dario Joffily é diretor de whatever na Perestroika Brasília
Dario Joffily é diretor de "whatever" na Perestroika Brasília - Foto Ohanna Patiele

A metodologia é dividida em quatro eixos fundamentais: metodologia do conteúdo, com a valorização do conhecimento empírico, conteúdos originais e exclusivos, pensando em como fará diferença na prática; metodologia da forma, que não é uma palestra, mas uma aula; metodologia do emocional, com o ambiente informal, que garanta a interatividade e a criatividade; e a metodologia estrutural, que é o programa do curso.


A economista Camila Sallaberry, proprietária da empresa Fotoploc, fez três cursos na Perestroika. “O maior impacto foi a abertura de mente, o aumento na autoconfiança, estar em contato com pessoas que tem pensamentos similares em relação ao mercado e à forma de trabalhar. Foi uma reconexão com algo que me dá combustível”, avalia.

Camilla Sallaberry é economista e dona da Fotoploc. Já fez três cursos na Perestroika. Foto: Arquivo Pessoal.
Camilla Sallaberry é economista e dona da Fotoploc. Já fez três cursos na Perestroika. Foto: Arquivo Pessoal.

Brasília

Pela unidade da capital federal já passaram pelo menos, mil novos “amigos”, como prefere Dario. Entre os cursos oferecidos estão o Empreendedorismo Criativo; Chora PPT, que ensina apresentações impactantes; Refresh, sobre gestão e liderança; Fractal, sobre comunicação; Food Experience, sobre empreendedorismo no ramo da gastronomia; Friends of Tomorrow, sobre futurismo; e Bodhi, um workshop de meditação analítica.


As aulas sempre contam com grandes nomes do ramo. Neste semestre, por exemplo, o Food Experience terá aulas com o chefe de cozinha André Mifano, apresentador do programa The Taste Brasil, no canal GNT.


Bia Borja foi atraída pelo perfil dos curadores dos cursos. “Eu queria aulas diferentes e me conectar com aquelas pessoas”, conta a jornalista, que trabalhava até então como assessora de imprensa na Câmara dos Deputados. Ingressar na “rede Perestroika” foi um ponto importante para a mudança profissional na vida de Bia, que atualmente é gestora de inovação da Agência Moringa Digital.


“Se você souber fazer bem as suas conexões, você consegue fazer bons negócios e arranjar bons parceiros. Sei de casos de pessoas que se conheceram lá e montaram empresas, outros que foram chamados para trabalhar com palestrantes”, conta.


Funcionalismo público

Neste semestre também será lançada a primeira edição do Demos, um curso voltado para servidores públicos, cujo tema será “Serviço Público com Propósito”, cujo objetivo é gerar motivação, inspiração e engajamento, além de apresentar instrumentos que acrescentem possibilidades ou facilitem o dia-dia dos funcionários públicos.


Fernando Kleiman é servidor público e fez dois cursos na Perestroika. “O ponto principal foi ver a comunicação de governo muito burocrática, travada, muito formal, e querer entender de que maneira, dentro dos limites da administração pública, podemos trabalhar outras formas de se comunicar”, ressalta.

Fernando Kleiman é servidor público e está iniciando mestrado em aplicação de game design em políticas públicas. Foto: Gabriel Zaidan.
Fernando Kleiman é servidor público e está iniciando mestrado em aplicação de game design em políticas públicas. Foto: Gabriel Zaidan.

As provocações geradas na Perestroika deram frutos. Fernando faz parte da equipe fundadora do G.Nova, um laboratório de inovação em governo, ligado à Escola Nacional de Administração Pública (Enap), e está iniciando um doutorado para estudar a aplicação de game design em políticas públicas. “Estamos vivendo mudanças exponenciais e os cursos me fizeram enxergar os desafios da administração pública. Me tornei um agente provocador responsável por disseminar esse conhecimento”, afirma.


Educação do futuro

Novos métodos de ensino e aprendizagem não são exatamente uma novidade. Fernando, que trabalhou na Secretaria Nacional de Economia Solidária, já acompanha esses novos modelos desde o final da 1990, e destaca experiências como a Escola da Ponte, em Portugal, onde não existem salas separando alunos por séries. Os grupos se formam de acordo com áreas de interesse, que pesquisam o tema com ajuda de facilitadores.


Fernando também destaca o pensamento de Oswaldo Oliveira, economista criador do modelo de Organizações Prósperas, que afirma que vivemos no paradigma da escassez, em que todas as instituições são criadas a partir do medo.


“O banco promete segurança financeira e por mais que ele não te entregue, você não tem coragem de tirar seu dinheiro por medo de ser pior. A escola, nesse cenário, está pautada pelo medo da ignorância, colocada como o monopólio do conhecimento. Por causa disso, ignoramos outras formas de conhecimento”, explica.


Bia Borja é jornalista e gestora de inovação na Agência Moringa Digital. Já fez oito cursos na Perestroika. Foto: Arquivo pessoal.
Bia Borja é jornalista e gestora de inovação na Agência Moringa Digital. Já fez oito cursos na Perestroika. Foto: Arquivo pessoal.

Para Bia, o modelo de educação tradicional está ultrapassado, porque o perfil de quem consome atualmente, seja conhecimento, produtos ou serviços, mudou, graças ao acesso às tecnologias. “Estamos colocando nossos filhos em uma escola que tem o mesmo modelo do século 19. A educação precisa ser repensada não só na forma como é transmitida, mas principalmente, sobre o impacto que queremos gerar nessas pessoas”, destaca.


Bia ressalta ainda que modelos como o da Perestroika estimulam a criação, dando referências para os alunos. “Não nos dão uma receita de bolo, mas nos instigam a pensar e a discutir ideias”.


Braços

Além da escola criativa, a Perestroika possui braços: a Sputnik é voltada para educação corporativa; a Scholé, voltada para instituições de ensino; e o Rabbit Hole, onde cada aluno é “provocado” individualmente.


Em Brasília, a Sputnik já atendeu o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, o Tesouro Nacional, o Tribunal de Contas da União, a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil e a Confederação Nacional das Indústrias.



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