I Fórum do Prêmio Engenho de Comunicação discute papel do jornalismo na democracia
- Ohanna Patiele Santos
- 19 de mai. de 2017
- 3 min de leitura
Palestrantes discutiram pós-verdade e mídias sociais. Profissionalização do jornalismo e papel da imprensa na democracia também foram destaques

O Prêmio Engenho de Comunicação reuniu um time de peso para seu primeiro fórum, que discutiu os caminhos do jornalismo e o papel da imprensa na democracia. O evento aconteceu nos dias 16 e 17, nas unidades do IESB (Centro Universitário de Brasília) da Asa Norte e Asa Sul.
A pós-verdade, neologismo eleito pelo Dicionário Oxford como palavra do ano em 2016, dominou o debate. Trata-se de algo “que se relaciona ou denota circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos influência em moldar a opinião pública do que apelos à emoção e a crenças pessoais”.
Dad Squarisi, editora do Correio Braziliense e escritora, uma das participantes do fórum, alerta que em tempos em que as mídias sociais dominam e todos são editores do que deve ou não ser divulgado, a pós-verdade toma força pela repetição, mas paradoxalmente, fortalece o jornalismo tradicional, seja impresso ou online, por causa da confiança gerada no leitor. “Há responsabilidade no que está dito. Um compromisso de virar tudo do avesso até que a verdade brilhe”, explica.
Patrícia Blanco, do Instituto Palavra Aberta, destacou a importância do combate às notícias falsas. Segundo pesquisas feitas pelo Centro Pew, 64% dos americanos admitem que as fake news causaram confusão nas eleições americanas. Durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff, três das cinco notícias mais compartilhadas no Facebook eram falsas, segundo levantamento feito pela Universidade de São Paulo.
“Há um paradoxo da liberdade. Ao mesmo tempo que as redes sociais deram nova dimensão para a liberdade de expressão, por outro lado, põe em risco reputações, dissemina discursos de ódio, intolerância e preconceitos”, afirma a jornalista. “É necessário o fortalecimento do jornalismo profissional, das agências de fact check (checagem dos fatos) e que tanto os leitores quanto o jornalismo profissional denunciem esse tipo de conteúdo”, conclui.
O ministro da Transparência, Torquato Jardim, também presente, questiona: “Como condensar a relevância e apurar a informação na velocidade atual?”, relembrando que é o jornalismo é composto por informação, opinião e análise. “E o tempo para reflexão, tempo para análise? A consequência no mercado são apostas em um ou dois temas. Não tratam da universalidade do que acontece no mundo e apostam em uma bandeira para o veículo de comunicação”
Democracia representativa
Torquato Jardim também ressaltou a utilização dos novos canais na democracia representativa, citando os exemplos da eleição de Obama em 2008, quando ele conseguiu milhares de doadores para sua campanha, a gestão de Donald Trump via Twitter, e as eleições na França, em que Emmanuel Macron foi eleito usando holografia para estar presente em vários lugares ao mesmo tempo.
Também participaram do fórum o sub-procurador Geral da República e coordenador da Câmara de Combate à Corrupção do Ministério Público Federal, Marcelo Muscogliati, as jornalistas Denise Rothenburg, do Correio Braziliense, e Andrea Sadi, da Globo News, o presidente da Fecomércio-DF, Adelmir Santana, o presidente da Associação Comercial do Distrito Federal, Cleber Pires, o conselheiro federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcus Vinícius Coelho.
O evento foi apresentado pela jornalista Basília Rodrigues, da CBN Brasília e promovido por Kátia Cubel, da Agência Engenho.
Os estudantes do primeiro semestre do curso de Jornalismo do IESB aprovaram o fórum. “Contribuiu muito para o meu desejo de ser jornalista. A pós-verdade é uma realidade e me incentivou a buscar a verdade cada vez mais”, afirma Carla Alencar.
Luiz Henrique Monteiro também gostou do evento. “O tema é muito interessante. Qualquer um é capaz de produzir uma notícia falsa hoje em dia na internet e poucos procuram saber quem são as fontes. Nós teremos que saber lidar com isso e saber diferenciar o que é a verdade do que é mentira para alertar a população”.



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