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Brasília ganha linha de ônibus com combustíveis limpos

  • Ohanna Patiele Santos
  • 2 de jun. de 2017
  • 3 min de leitura

Atualizado: 3 de nov. de 2022

Projeto piloto é fruto de parceria da empresa Piracicabana, do Governo do Distrito Federal e a Ubrabio. Utilização do B20 equivale ao plantio de 130 árvores por ano

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Desde janeiro deste ano, Brasília ganhou uma linha de ônibus utilizando o B20 – mistura de 20% de biodiesel ao diesel fóssil. Considerado um combustível limpo, o biodiesel é feito a partir de fontes renováveis, como óleos vegetais (soja, mamona, dendê, girassol, algodão), gorduras animais e óleo de fritura usado.


Estudos da União Brasileira de Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), representante do setor produtivo, apontam que cada ônibus utilizando o B20 reduz a emissão de 18 toneladas de dióxido de carbono (CO2), o que corresponde ao plantio de cerca de 130 árvores por ano. Ou seja, os nove carros rodando pela região central de Brasília, equivalem ao plantio de aproximadamente 1,2 mil árvores por ano.


Além disso, o biodiesel ajuda a dar destinação ambientalmente correta para subprodutos da pecuária de corte, como sebo de gado. Em 2016, cerca de 530 mil toneladas de subprodutos foram transformadas em biodiesel.


O pesquisador da Embrapa Agroenergia, Bruno Laviola explica que o petróleo tira o carbono que está imobilizado nas camadas subsuperficiais da Terra, aumentando a concentração de carbono na atmosfera, o que causa o aumento na temperatura.


“Quando comparam o diesel fóssil ao biodiesel falam do carbono que deixa de ser inserido na atmosfera, que equivale a um determinado número de árvores que seriam necessárias para incorporar determinada quantidade de gás carbônico”, explica Bruno.


Já o biodiesel é uma fonte renovável de energia, em que o carbono é reciclado.


“A soja absorve o gás carbônico da atmosfera, produz o óleo que é convertido em biodiesel. Esse combustível é queimado pelo veículo e devolvido à atmosfera, depois é reabsorvido pela planta de soja. É um processo cíclico em que você não aumenta a concentração de carbono na atmosfera. O mesmo acontece com gorduras animais, com o etanol da cana ou qualquer outro biodiesel”, esclarece o pesquisador.

Pioneirismo

A legislação brasileira determina o aumento progressivo da mistura do biodiesel ao combustível. Atualmente, temos a mistura de 8% (B8), com previsão de chegar ao B10 até 2019, uma das medidas adotadas para o cumprimento do Acordo de Paris, em que o Brasil se comprometeu a reduzir a emissão de gases poluentes em 43% até 2030, com base nos níveis apurados em 2005. Outra meta é que a bioenergia corresponda a 18% da matriz energética brasileira em 2030.

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Brasília é a primeira capital a utilizar o B20. O projeto piloto é uma parceria entre a empresa Piracicabana, o Governo do Distrito Federal e a Ubrabio. A linha percorre o Eixo Monumental, desde o Memorial JK, passando pela Esplanada dos Ministérios até a Praça dos Três Poderes e duas vezes pela Rodoviária do Plano Piloto.


“Isso é um ganho ambiental, mas também social e econômico. É um combustível produzido no Brasil, utilizando matérias-primas regionais, evitando a importação de um bilhão de diesel fóssil por mês”, afirma o diretor superintendente da Ubrabio, Donizete Tokarski.


O Brasil produziu 3,8 bilhões de litros de biodiesel em 2016, enquanto a indústria brasileira tem capacidade autorizada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) para produção de 7,7 bilhões de litros por ano. Ou seja, temos cerca de 50% da capacidade de produção ociosa. No mesmo ano, o país importou 8 bilhões de litros de diesel fóssil, a um custo de 2,9 bilhões de dólares.


Para utilizar o B20, não é necessária qualquer adaptação nos veículos e não há mudança no consumo. A compra do combustível é realizada via leilão, o que garante o preço baixo. Também não há diferenciação do preço da passagem.


“Brasília tem no currículo alguns comportamentos que são exemplos para o Brasil, como o respeito à faixa de pedestres. Estamos trabalhando para demonstrar que a qualidade de vida das pessoas envolve todos os detalhes, desde o combustível até o sistema de transporte que utiliza. Todos podem contribuir para reduzir a emissão de gases poluentes”, destaca Donizete.


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