Projeto ensina a pedalar e estimula uso da bicicleta como meio de transporte
- Ohanna Patiele Santos
- 10 de mar. de 2017
- 3 min de leitura
ONG Bike Anjo, em Brasília, conta com 160 voluntários e já atendeu gratuitamente mais de 600 pessoas de todas as idades e classes sociais para estimular o ciclismo
A bicicleta é um meio de transporte dinâmico e democrático, utilizado em grande parte do planeta. Por ser ecologicamente correto, tem ganhado adeptos a cada dia. Para ensinar aqueles que ainda não aprenderam a andar de “camelo” e auxiliar quem deseja utilizar a bicicleta como meio de transporte foi criada em 2010 a ONG Bike Anjo, na cidade de São Paulo.

Rapidamente o projeto se espalhou e atualmente está presente em 250 cidades do Brasil e em 5 países (Equador, França, Estados Unidos, Austrália e Portugal). Em Brasília, o projeto se consolidou e desde agosto de 2013 é realizada a Escola Bike Anjo (EBA) na Praça do Índio, sempre no último domingo do mês, quando voluntários se reúnem para ensinar quem ainda não sabe pedalar.
Além da EBA, a ONG Bike Anjo orienta ciclistas a traçar rotas mais seguras, a sinalização no trânsito e dicas para adquirir bicicletas e equipamentos, além de campanhas de conscientização e eventos em datas comemorativas como o Dia Mundial Sem Carro e Dia Mundial em Memória das Vítimas de Trânsito, conta Yuriê Batista, 31 anos, diretor da União de Ciclistas do Brasil. No Distrito Federal são cadastrados 160 voluntários, dos quais 20 são os mais atuantes.

Em Brasília, diversos projetos visam estimular a adoção da bicicleta como meio de transporte, entre eles, o sistema de compartilhamento do Banco Itaú. As bikes laranja espalhadas por Brasília estimularam a cientista política, Thais Marques, 30 anos, a procurar a Bike Anjo para voltar a pedalar. “Minha bicicleta foi roubada na infância e nunca mais andei. Não tinha coragem, não sabia se eu ainda sabia andar. Perguntei a um grupo de amigas quem poderia me ajudar e me indicaram a Bike Anjo”, conta.
O servidor público Marcelo Paz, 30 anos, é voluntário do projeto e estima que mais de 600 pessoas já foram atendidas pela Bike Anjo. Grande parte do público atendido são mulheres com mais de 40 anos, entretanto, não existe qualquer restrição de idade para participar. Para aprender, basta chegar e se inscrever na hora. A grande maioria dos alunos aprende a pedalar já na primeira aula.
Graça Pinheiro, aposentada, 64 anos, tinha medo de pedalar, mas em pouco tempo conseguiu dar voltas na praça sozinha. Procurou o projeto após o marido prometer comprar uma “magrela” de presente. “Eu quero liberdade. Meu sobrinho sempre participa de passeios no Jardim Botânico e eu também quero participar”.
A analista de sistemas, Lorena Brasil, 38 anos, levou os dois filhos, Luiz Felipe, de cinco, e Cecília, de sete anos, para aprender a andar de bicicleta com os “anjos”. “Às vezes, usamos técnicas erradas. A gente aprendeu na marra e quer que eles aprendam também. Cecília não queria nem empurrar a bicicleta e agora já está mais íntima. Aqui eles ensinaram passos progressivos e está dando certo”.
Mobilidade Urbana
A ONG já realizou atividades em parceria com o Detran. Em 2015, a Bike Anjo promoveu a campanha “De Bike Para o Trabalho”, em parceria com a ONG Rodas da Paz, e voluntários orientaram o percurso do governador Rodrigo Rollemberg de casa até o Palácio do Buriti. A ONG também é parceira de iniciativas do Superior Tribunal de Justiça.

O último relatório do Sistema de Informações da Mobilidade Urbana, da Associação Nacional de Transportes Públicos, aponta que o uso de bicicletas como meio de transporte dobrou em dez anos. Em 2014, ano da divulgação do estudo, eram realizadas 2,6 bilhões de viagens por ano de bicicleta.
“A gente acredita que é uma forma de dialogar com a cidade melhor. Nós mostramos que é possível viver sem carro, desfrutando a cidade. É uma forma diferente de se relacionar com o ambiente e com as pessoas”, defende Yuriê.
Serviço:
Escola Bike Anjo
Site: bikeanjo.org
E-mail: bikeanjodf@gmail.com
Página no Facebook: facebook.com/bikeanjodf
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